Dez meses após se aposentar, Filipe Luís estreia como técnico do Flamengo nesta quarta-feira (2) contra o Corinthians, às 21h45, no Maracanã, pelo jogo de ida das semis da Copa do Brasil. Situação similar a que viveu Paulo César Carpegiani, que relembrou quando assumiu o time de Zico meses depois de pendurar as chuteiras e liderou as conquistas da Libertadores e do Mundial.
“Eu tinha sido chamado para ser auxiliar do Dino Sani no Flamengo, um pouco mais de dois meses após ter me aposentado. Em uma partida de Libertadores, o Dino teve uma discussão com o Mozer e se excedeu próximo à imprensa. Com isso surgiu uma crise, que foi o suficiente para a saída dele. E aí no dia seguinte eu recebi o convite para ser o treinador e aceitei. Sabia das dificuldades que poderia ter, porque ser treinador do clube de maior expressão do Brasil é muita responsabilidade”, disse à ESPN.
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Carpegiani é um dos exemplos de ídolos do clube que brilharam como treinadores rubro-negros, certamente o caso mais marcante. O campeão mundial elogiou Filipe Luís e identificou uma ansiedade pela estreia nas entrevistas do ex-lateral. Mas destaca também a necessidade de apresentar resultados para ter tranquilidade no Flamengo.
“Nas suas entrevistas, eu tenho notado que há um enorme entusiasmo, até uma ansiedade por sua estreia. É uma pessoa que tem uma didática boa, se expressa bem, mas ele vai ter que demonstrar exatamente os resultados. Para dar prosseguimento, para ter a sequência do trabalho, independente de como ele quer, os resultados vão ter que aparecer, para não ter problemas.”
Ídolo expressa preocupação com excesso de ofensividade
Outro conselho que Paulo César Carpegiani dá a Filipe Luís é ter cuidado ao focar em armar um time extremamente ofensivo. Ele cita a torcida do Flamengo e dá a entender que o constante apoio da arquibancada aumenta naturalmente o ímpeto dos jogadores, o que pode resultar em um excesso de ofensividade e desequilíbrio na defesa.
“Uma coisa que vejo com certa precaução, é que ele disse que a ofensividade vai ser a tônica do trabalho dele. E, se nós transferirmos isso para aquilo que é o futebol realmente, o que é uma partida de futebol, ele pode até ter razão. Uma partida nada mais é do que uma imposição de um estilo de jogo sobre o outro. Muitas vezes você perde o jogo tentando se impor, dominando o jogo, mas em um contra-ataque você pode perder. Eu prefiro perder dessa forma”, comentou, antes de completar:
“Agora, essa ofensividade que ele frisa bem, exige um cuidado muito grande. Por quê? O Flamengo possui uma torcida muito exigente, uma torcida que empurra de forma natural o time para cima do adversário. E essa ofensividade pode te causar problemas, porque lá atrás pode ficar desguardado. Essa retaguarda também é muito importante.”
Comparação com o Flamengo de 1981
Foi então que o ex-treinador fez comparação com a histórica equipe rubro-negra de 1981. Ele afirma que foi necessário formar um time que deixasse pouco espaço entre as linhas, com ou sem bola, para não correr o risco de ser superado em partidas que teve amplo domínio.
“Eu posso falar minha equipe de 1981, para fazer essa comparação, que também sentia isso. Eu tinha um time altamente técnico, e tinha que tirar proveito disso. Daí vem aquilo que é a base de tudo para mim e das equipes que montei, que é compactação. Se eu jogasse de alguma maneira diferente, de só querer ser agressivo, eu ia ter dificuldade. Se ele fizer só com base na ofensividade, ele vai ter dificuldade. E eu acredito que ele não deva estar pensando nisso”, finalizou o técnico campeão do mundo pelo Flamengo.
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