Em entrevista ao jornalista Mauro Cezar Pereira sobre os planos para o estádio próprio do Flamengo, o presidente Rodolfo Landim deu uma polêmica declaração contra o voto do sócio-torcedor. Segundo ele, o ST poderia eleger dirigentes populistas que “quebrariam o clube”.
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Entretanto, o Nação Rubro-Negra, que completou dez anos em março, foi criado inicialmente com o objetivo maior justamente de ajudar a cobrir o rombo deixado por anos de más administrações no Flamengo, todas elas eleitas exclusivamente pelos sócios do clube.
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Foi essa lógica exposta pelo criador do programa, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, no evento de lançamento. Atualmente, Bap é presidente do Conselho de Administração e, até recentemente, era o favorito para ser escolhido por Landim como candidato à sua sucessão – os dois tiveram uma briga que pode alterar os planos.
” Muita gente questiona se os valores não estão caros, mas isso não é bom para mim. Quem precisa muito mais é o Flamengo. É um plano que precisa ser melhor para o clube do que para os torcedores em um primeiro momento. O Flamengo precisa se fortalecer para ser grande. Se, quem pode, não ajudar em um primeiro momento, isso não vai acontecer”, disse Bap no evento de lançamento.
‘É um programa que vai nos fazer sair do buraco’
O então presidente Eduardo Bandeira de Mello resumiu que o Nação “é um programa que nos vai fazer sair do buraco e ganhar outro patamar em termos de administração”.
Semanas antes de lançar o programa, o Flamengo havia divulgado o resultado de uma auditoria revelando que a dívida do clube superava R$ 750 milhões, o equivalente a R$ 1,6 bilhão em valores atualizados pela inflação.
O hoje presidente Rodolfo Landim era vice-presidente de Planejamento na gestão de Bandeira de Mello na época do lançamento do programa. O então CEO, Fred Luz, abriu a possibilidade de que o ST do Flamengo tivesse direito a voto no futuro já no dia em que o Nação foi anunciado.
“Esse debate de direito a voto ainda tomará algum tempo. Envolve questões estatutárias. Se fôssemos focar o programa nisso, iríamos debater dois, três anos e não lançaríamos nada. Este momento é o que o Flamengo mais precisa de seu torcedor”, disse Fred Luz.
Embora nunca tenha alcançado o objetivo de ter mais de 200 mil inscritos, o Nação foi sim fundamental na recuperação financeira do clube. Hoje, é uma das principais fontes de receita do clube. Nos primeiros 9 meses de 2023, foram R$ 70 milhões arrecadados contra R$ 49 milhões no mesmo período do ano passado.
Apesar disso, Landim demonstrou enxergar o sócio-torcedor apenas como uma fonte de arrecadação e refutou a possibilidade de dar voto ao ST com um argumento preconceituoso.
“Sou contra fazer do sócio-torcedor um eleitor. Alguém lançaria uma plataforma de promessas malucas e quebraria o Flamengo. Ficaria mais fácil emplacar um discurso populista. Eu poderia fazer uma graça em 2024. Meu último ano de mandato. Deixar um buraco para quem vai ficar no meu lugar”, afirmou.
Landim trouxe para gestão críticos de responsabilidade financeira
Curiosamente, Landim trouxe para dentro da gestão do Flamengo integrantes de antigas gestões que já ironizaram a responsabilidade financeira implantada por seu grupo no clube. É o caso de Cacau Cotta, atual diretor de Relações Externas, e Guilherme Kroll, vice-presidente de Esportes Olímpicos.
Na campanha de 2015, o então candidato a presidente Cacau foi visitar o Corinthians, atualmente afundado em dívidas pela irresponsabilidade financeira de seus dirigentes que já campeava na época.
“Viemos entender por que o Corinthians vive este momento. O foco é absolutamente no resultado em campo. Mas enquanto isso a diretoria do Flamengo brinca de banco imobiliário, finge que paga dívidas. O Corinthians está brincando de crescer. Eles só crescem. Estamos atrasados em tudo.”
Já Kroll, que apoiava Cacau nas eleições, criticou a política de austeridade fiscal da gestão de Bandeira que tinha Landim como vice.
“Eles falaram que o Flamengo ou pagava dívidas ou fechava as portas. Eles afugentaram quem quisesse botar dinheiro no clube para fazer ele ser campeão”, afirmou ele à época.
Por sua vez, o atual VP de Patrimônio Arthur Rocha foi o responsável, em 2004, por uma das contratações mais polêmicas da história do Flamengo, a do atacante Dimba, com um salário muito acima dos valores de mercado e do que o Flamengo poderia pagar na época, passando por cima dos profissionais do futebol, inclusive Junior, que pediu demissão do cargo de gerente por isso.
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