Por Guilherme Araújo – Twitter: @araujolhermegui
Lapidado nos campos de Xerém e nas ruas cariocas, Gerson surge no Fluminense, em 2015, aos 17 anos. O garoto que outrora brilhava no futsal infantil e na Seleção Brasileira sub-20, já negociava com a Europa antes mesmo de se tornar profissional. Como meia Gerson ganhou holofotes e fez gigantes europeus, Barcelona e Roma, disputarem seu passe, acabou com passaporte carimbado para a Série A italiana.
A Roma, por não ter espaço para a jovem promessa no seu elenco à época, manteve o atleta no Fluminense em forma de empréstimo por 6 meses. Porém, jogando pela La Lupa Gerson não obteve sucesso. Reconquistou o bom futebol quando foi emprestado para a Fiorentina na temporada 2018/2019, e logo chamou a atenção dos dirigentes rubro-negros, chegando ao Flamengo por 11,8 milhões de euros (R$ 49,7 milhões), com contrato de 4 anos e 6 meses.
O resto é história, né? Ou não! Essa passagem não pode ser resumida até aqui apenas pelas taças, o carisma do jogador nas redes sociais ou a comemoração com o vapo. Gerson é, desde Adílio, o melhor camisa 8 que o Flamengo já teve em campo. Desfila técnica com a bola nos pés, inteligência para cumprir funções táticas e o mais importante do DNA Flamengo: raça para vencer!
Veja também: Novo desafio! Ex-Flamengo iniciará carreira como treinador
Tal qual tecnologia, o futebol evolui com o tempo. Solucionamos problemas com respostas que geram novas perguntas e esse é o passo a passo para o progresso. Dentre as diversas mudanças que presenciamos dentro das quatro linhas, uma das principais foi a dissociação do meia atacante e do meia defensivo para o meio-campista. Jogadores que antes cumpriam o papel de apenas destruir ou construir jogadas vêm perdendo espaço nas principais ligas do mundo.
Vimos a talentosa geração de Zidane, Pirlo, Gerrard, Lampard, Seedorf e tantos outros gênios da bola transitar ao longo da carreira da proximidade da grande área para a faixa central do campo; a mudança estava acontecendo.
Em Guardiola Confidencial, o autor Marti Perarnau descreve Pep enquanto jogador e revela que para ele o sucesso consistia em organizar o time. A posição de Pep era volante, e o próprio treinador em entrevista destacou: “Eu era meio-campista de passe, não tinha finalização, não tinha drible, jogo aéreo ruim, não era rápido, sobrevivi e a maneira como joguei no Barcelona me ajudou”.
Ao contrário de Guardiola, sobra talento em Gerson. Apresenta com louvor qualidade ofensiva e defensiva, mas se destaca em um aspecto que poucos jogadores, mesmo os craques, conseguem. O camisa 8 rubro-negro não é biologicamente um jogador de extrema força, menos ainda dotado de considerável velocidade, mas alia com maestria mobilidade e explosão na saída de bola.
Segundo dados do @sofascorebr, no Brasileirao 2020, como volante, Gerson tem os seguintes números:
1º em dribles certos (66)
1º em grandes chances criadas (5)
1º em passes no terço final (354)
1º em faltas sofridas (82)
1º em duelos ganhos por baixo (184)
3º em Nota SofaScore (7.28)
Além de obter média de 90% de sucesso em passes e 84% em dribles por partida.
O desempenho do meia não se restringe à faixa central do meio campo. Gerson consegue executar funções jogando como armador ou pelos extremos do campo. Foi assim que Gerson conquistou o apelido de coringa e o carinho da Nação.
Qual é o segredo? Talvez o encontremos nas palavras de Pirlo, um dos melhores meio campistas da história do esporte: “O corpo é só uma ferramenta. Quem joga é a cabeça”.
Por fim, E MAIS IMPORTANTE, é inadmissível naturalizarmos falas racistas em 2020. É hora de executar o preconceito da sociedade! O negro não se cala mais, ele fala, grita e ergue o punho ✊🏽
P.S. Malandragem é sua falta de respeito, Mano Menezes.