Após ação do promotor Rodrigo Terra, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anulou a eleição de Rogério Caboclo como presidente da CBF e definiu que Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, e Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, vão comandar a entidade nos próximos 30 dias.
Na decisão, o juiz citou a “expressiva torcida” do rubro-negro para justificar a nomeação de Landim, que ainda não decidiu se aceitará a decisão.
Em nota conjunta, os dois nomeados disseram analisar o caso:
– Os presidentes da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, e do Clube de Regatas do Flamengo, Rodolfo Landim, informam que analisarão em conjunto com federações, clubes e advogados a decisão da Justiça do Rio de Janeiro que os nomeiam interventores da Confederação Brasileira de Futebol. Tão logo tomem uma decisão, os presidentes da FPF e do Flamengo se manifestarão publicamente – diz o comunicado.
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Um dos pontos ponderados pelo comandante rubro-negro parece ser a manutenção dos vice-presidentes da CBF. Para Terra, a chapa foi eleita juntamente com Caboclo e, portanto, também deve ser considerada ilegal.
— Vou pedir ao juiz o esclarecimento deste ponto. Há uma contradição aqui. Os dois interventores não se sentirão confortáveis em trabalhar com os vices eleitos de forma irregular – disse.
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Caso aceitem a nomeação, os presidentes do Flamengo e da FPF devem convocar, no período de 30 dias, “o Colégio Eleitoral, composto pelas Federações e times da primeira divisão do campeonato brasileiro, para votarem a alteração estatutária no que diz respeito a redefinição das regras do estatuto de 2015, em especial”:
- Definição de pesos diversos entre as Federações e clubes;
- Exigências para candidaturas;
- Inclusão dos times de segunda divisão (com o respectivo peso de voto) no Colégio, inclusive para as eleições que se seguirão.
Flamengo não votou na eleição irregular
Apesar das acusações de assédio, a eleição de Caboclo foi anulada por outro motivo. A Justiça não considera a votação ilegal, mas sim a assembleia geral que definiu novas regras para a eleição.
Essa assembleia não contou com a participação dos clubes e estabeleceu uma mudança nos pesos dos votos. As federações estaduais passaram a ter peso 3, enquanto os time da Série A teriam peso 2 e os da Série B peso 1.
– A votação foi ilegal ao não dar chance aos opositores de viabilizar uma candidatura. Além de manter as federações como maioria no colégio eleitoral, a cláusula de barreira inviabiliza qualquer candidatura de oposição e favorece o grupo político que há décadas está no poder – afirmou Terra.
Vale lembrar que o Flamengo foi um dos três clubes que não votaram em Caboclo, já que, naquela altura, se absteve do voto.
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Sobre as alegações de que a decisão fere o aritog 90 da Lei Pelé, que proíbe a nomeação de dirifentes de clubes como presidente da CBF, Terra alega se tratar de um caso “excepcional”:
– Eles vão apenas conduzir o processo eleitoral, que já se mostrou com vícios na forma anterior. A diretoria da CBF permanecerá para tratar os assuntos sobre as competições e questões administrativas. Os interventores não vão participar do cotidiano administrativo – argumentou.