Negro. Rubro-negro. Teresinense da Zona Norte e um pouco da Sudeste. Piauiense. Nordestino. Rubro-negro. Vivendo há sete anos em Brasília. E Teresina foi que eu vi das maiores manifestações de torcida: paramos a cidade no hexa, fechamos cruzamentos, ocupamos avenidas. A cidade verde ruborizou e empreteceu.
O que se viu durante toda estadia do Flamengo para o jogo contra o Altos foi uma mobilização popular colossal, do tamanho do amor que sentimos pelo time, que nos faz perder horas a fio em defesa, em dissolver em rápidos argumentos quem levanta o discurso autoritário travestido de regionalismo de araque quando nos chamam de mistos.
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Evidente que quero o crescimento e desenvolvimento dos clubes da região, mas pra se exaltar a miríade de nossas identidades temos referências e espaços que certamente demandam mais este tipo de posição. Fora que o amor pela flâmula, independente da forma que o mesmo surgiu, não se mede, não se condena, nem se controla.
O mesmo podemos ver em Brasília, que mesmo com altos preços dos ingressos, inunda o Mané numa maré vermelha e preta. E nem é só filhote do Plano Piloto ou Noroeste. Quando a trupe desce, a cantar as músicas possíveis da exaltação rubro-negra, é rumando pra rodoviária, encher os Recantos das Emas, metrô e Ceilândia da vida. Em cada pedaço, molecular ao continental, o amor pelo Flamengo vibra, é peso, é sincero. E daí nós temos a dimensão de sermos uma Nação. Opa, pera lá, ouço ruídos conservadores vindos da lagoa …
Tão distante quanto possa ser da realidade – ou da nossa paixão imaterial pelo Mengo – a taciturna ‘corte’ da representação feudal que comanda o Flamengo, aplica mais um severo golpe contra todo esse amor. Nos parece que já viramos SAF sem nenhum níquel engordando os cofres, pois ao limitar o número de sócios off-rio, a gestão Landim não dá recado, não surpreende, ela manifesta a todo instante aquilo que sempre foi, mesmo quando surfava na onda do desempenho do time de 2019: antipovo, elitista, suserana, torpe e organizada para um projeto de poder. Não à toa, aquele que nem iria pra reeleição está aí por mais 03 anos.
E é o que está posto, minhas amizades rubro-negras Brasil a fio: performamos, quando a eles interessam, a torcida continental, que fala e sente o rubro-negrismo; que ri e chora em cada momento da sua história; que a duras penas tenta comprar ao menos um manto oficial uma vez nada vida; que faz loucuras, mas se realiza, quando o time compensa em campo. Fora disso, keep out, mantenha-se a distância, atiramos no aviso prévio. ‘Off- Rio? Rum, deixe de besteira, cabra! Onde é que eu e minha família iremos nos encastelar? Isso aqui é Leb … Flamengo, porra!”.
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