Para os que curtem superstições, em 1977, o Confiança de Sergipe venceu o Fluminense por 1×0. Logo após esta derrota, certo dirigente do Flu abriu a boca publicamente reclamando de alguns jogadores. Este dirigente, nem sei se por essa postura, saiu das Laranjeiras e veio parar na Gávea. A partir daí o Flamengo conquistou seus principais títulos. Seu nome: Domingo Bosco.
Esteve no Flamengo desde 1978 até sua morte precoce em 1982. Nesse período conduziu um trabalho exemplar. São várias histórias nesse curto espaço de tempo, mas suficientes para ser citado constantemente pelos que jogaram ao lado de Zico nessa época. Bosco era capaz de sair da concentração para buscar um litro de leite para algum jogador, mas era duro ao cobrar compromisso do atleta para com o Clube.
Poucos devem lembrar, mas Gilmar Popoca, que hoje está no comando sub-17 foi um dos que um dia foi considerado um sucessor do Galinho de Quintino. Óbvio que esse tipo de especulação nunca deu certo em relação a Zico, Pelé, ou qualquer outro craque. Afinal, cada um tem a sua própria história. Mas Popoca teve uma bela presença na Seleção Olímpica de 1983, jogando ao lado de Bebeto, Giovani e outros.
Gilmar Popoca era temperamental. Em certa ocasião jogou a camisa da seleção brasileira no chão. O que poucos sabem é que ele também fez isso com a do Flamengo, o que de pronto Domingos Bosco o fez pegar a camisa no chão, se desculpar e, o alertando que, caso o fato se repetisse o jogador jamais vestiria o Manto Sagrado.
Meu objetivo não é crucificar Gilmar Popoca. Sua carreira passou, com altos e baixos por alguns clubes, não se transformou no Zico, mas teve seus momentos de glória. O que acredito ser importante ressaltar é a importância do Flamengo ter alguém que cobre sobretudo compromisso dos jogadores e técnico.
Não acho normal o nosso time perder para Confiança, Atlético do Paraná e Volta Redonda. Pior, ficar quatro partidas sem fazer gols. A vergonha é maior quando sabemos que a folha salarial do Flamengo é astronomicamente maior que a dos times citados, não obstante em campo a esperada diferença de qualidade técnica não se confirmar.
Muitos esperavam que Muricy Ramalho pudesse fazer a dupla função de treinador e disciplinador. Triste ilusão. Muricy está sendo conivente e incoerente. Conivente por permitir que Sheik assuma uma importância que não tem para o elenco. Incoerente por escalar o péssimo Márcio Araújo, mesmo tendo outras opções de melhor qualidade a disposição no banco de reservas.
Muricy carece de alguém para cobrá-lo e orientá-lo. Mas se esse tipo de pessoa existisse no Flamengo, as renovações de Sheik e Márcio Araújo teriam sido barradas. E mais, uma diretoria ciente de suas responsabilidades coibiria Muricy de ficar reclamando aos quatro ventos. Afinal, se Muricy possui alguma razão em função dos consecutivos deslocamentos em viagens, por outro, cabe a ele e a Comissão Técnica elaborarem um calendário de escalações e treinamentos que possibilitem o time jogar quarta e domingo. Simples assim.
Muricy poderia inclusive recorrer ao treinador do sub-20, Zé Ricardo, para lhe auxiliar em uma equipe alternativa que contaria com Léo Duarte, Ronaldo, Jajá, Paquetá, Trindade, Thiago Santos e Vizeu. Enquanto um time jogava, o outro treinaria. Mas nosso técnico prefere reclamar do cansaço, o que o faz mais incoerente ainda. Afinal, Muricy costuma morrer quase sempre com duas substituições por fazer. Para isso, nós pagávamos bem menos para Cristóvão Borges…
Resumidamente, o Flamengo tem um elenco e treinador que não conseguem justificar seus altos salários. Posso estar redondamente enganado, mas passou da hora de fazermos uma contratação de alguém que entenda de verdade de futebol dentro e fora das quatro linhas. Quem souber de algum Domingo Bosco avisa! E se achar um Cláudio Coutinho junto, quem sabe as coisas melhoram?
Cordiais saudações!