Não há como duvidar de uma força maior no futebol. Se os tais Deuses desse esporte existem, eles gostam de provocar os sentimentos mais opostos. Da felicidade extrema às lágrimas, da decepção à certeza absoluta de que o futuro reserva mais. Se o futebol fosse uma ciência exata, saberíamos o significado de jogo fácil e merecimento. Mas essa bola não foi feita para seguir números ou qualquer outra conta.
O Flamengo entrou no já sagrado gramado do Kléber Andrade para buscar, mais uma vez, se reafirmar na briga pelo título. Rodada entra, rodada sai e sempre é necessário mostrar que o Mais Querido seguirá ali, ponto a ponto. O adversário, Cruzeiro, fazia um campeonato conturbado, com altos e baixos, seguindo na busca pelo tão sonhado alívio. Porém, o tal alívio não foi encontrado, nem rubro-negro, nem celeste.
Sem Leandro Damião, o questionado Paolo Guerrero volta pouco a pouco a assumir sua posição de titular. Entre cabeçadas, corridas, bicicletas bem construídas e buscas por finalizações, o peruano seguiu tentando encontrar sua redenção a todo instante, a fim de mostrar que o torcedor pode contar com seu camisa 9.
Os 14 mil rubro-negros, que lotaram mais uma vez a capacidade máxima permitida no Kléber Andrade, empurraram o Flamengo durante o tempo inteiro e mesmo quando o time pareceu não querer ajudar, a Nação não desistiu, fazendo Cariacica tremer. Foram chances desperdiçadas, ataques criados da forma errada e chutes fracos nas mãos do goleiro cruzeirense. Do outro lado, Muralha, sempre atento, teve o apoio de Réver e Vaz para não deixar que a Raposa abrisse o placar.
Após 45 minutos sem gols e de sofrimento, a etapa final pedia mais e assim aconteceu. A necessidade da mudança do placar afetava os dois times, que não podiam se dar ao luxo de perder. Foram oportunidades perdidas dos dois lados e goleiros que acabaram virando os nomes do segundo tempo. Uma briga dura para abrir o marcador e nada parecia mudar. Percebendo a necessidade de uma luz diferente, Zé Ricardo olhou suas opções e chamou o argentino Mancuello.
Precisamos falar sobre a estrela de Zé. A busca pelo salvador de uma partida começa sempre no mesmo lugar: o banco de reservas. Zé Ricardo consegue ter a sensibilidade necessária para sentir exatamente o que o Flamengo precisa e em uma mudança, contestada ou não, alterar todo panorama do jogo. Mais uma vez, o gol da vitória, a vontade, a raça e a técnica saíram de uma substituição bem pensada.
Porém, nada pode ser tão simples. O Flamengo começou a cair no jogo favorito do adversário. Aos 28 minutos, o Cruzeiro conseguiu criar ótima jogada e com muitos espaços na defesa, a bola sobrou nos pés de Rafinha, que não deu chances a Alex Muralha e chutou direto no fundo da rede. O placar marcava 1 a 0 e pouco depois a torcida celeste presente gritou “olé“. Cedo demais.
O Fla tentou e tentou muito. Brigou, foi para cima, procurou furar a defesa. Foram dez minutos de muito desespero, mas sem perder o equilíbrio. Aos 38 minutos, tudo voltou a ficar claro. Alan Patrick, outra alteração de Zé Ricardo, recebeu e viu Guerrero bem posicionado. O peruano foi servido, girou e bateu, contando com um desvio que fez até o goleiro cruzeirense achar que a bola iria para fora. Um golaço para ninguém colocar defeito e o 1 a 1.
Sem desistir e quase matando seus torcedores do coração, o Flamengo brigou, lutou e a recompensa veio aos 44 minutos. Alan Patrick, o garçom da noite, viu Mancuello sozinho na área e não teve dúvidas, dando um ótimo passe e assistindo o argentino chutar com tudo para o fundo da rede de Rafael. No ângulo e na raça, o 2 a 1 veio.
A vitória mantém o Flamengo a um ponto do Palmeiras, com 53. Pelo Brasileirão, a equipe volta a campo no próximo sábado (1), no Morumbi, para enfrentar o São Paulo, às 16h. Antes, pega o Palestino (CHI) em Cariacica, na quarta-feira (28), no jogo de volta da Copa Sul-Americana. Seguiremos juntos, mais uma vez. Com vontade e muito amor a essa camisa.
Ficha Técnica
Flamengo 2×1 Cruzeiro
Data: 25/09/2016
Horário: 16h
Local: Estádio Kléber Andrade, Cariacica – ES
Flamengo: Alex Muralha; Pará, Rafael Vaz, Réver e Jorge; Márcio Araújo (Mancuello), Willian Arão e Diego; Gabriel (Fernandinho), Everton (Alan Patrick) e Guerrero.
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden
Assistentes: Leirson Martins e Lucio Flor
Foto: Gilvan de Souza/Flamengo