Vinícius Júnior vem sofrendo recorrentes ataques racistas no futebol espanhol. No entanto, isto não é exclusividade da Espanha e o atleta sofria do mesmo mal atuando no Brasil. Sobretudo, vindo de rivais hostis como os torcedores do Botafogo. Em 2018, ao ser expulso após dura entrada em Igor Rabello, o atleta deixou o campo. Para chegar ao vestiário, teve que olhar no olho dos botafoguenses.
Prontamente, os rancorosos rivais mostraram seus dedos e proferiram xingamentos ao camisa 20. Uma senhora chegou a gritar: “V**do, neguinho safado”, ultrapassando qualquer limite e sendo extremamente preconceituosa. Cusparadas em suas direção também foram registradas, bem como gestos obscenos. Relembre o momento:
Leia Mais: Sem punição: racismo contra Vinícius Júnior vira rotina na Espanha
Após novo caso de racismo espanhol, diversos clubes brasileiros se manifestaram sobre o ocorrido. Entre eles, o próprio Botafogo. No entanto, os torcedores do Flamengo fizeram questão de mostrar que não esqueceram os casos de racismo por parte dos alvinegros contra o jogador e responderam ironizando, relembrando o fato e destacando que o clube não tomou nenhuma providência.
Veja alguns comentários:
“Botafogo hipócrita, Vini Jr sofreu racismo no Engenhão e vocês não fizeram nada”, diz Vini.
“Acho que Vini Jr só curtiu o post do Botafogo de deboche, vocês sabem bem o porquê”, opina Arthur.
“Oi, Botafogo. É verdade que vocês usaram a racista que xingou Vini Jr pra uma ação de marketing?”; questiona Portella.
“Deixem de hipocrisia, sua torcida foi racista com Vini Jr e vocês não fizeram nada”, lembrou Diego.
Veja as publicações do Botafogo:
Manifestação do Botafogo em 2018 foi para que o clube não recebesse punição
Carlos Eduardo Pereira, presidente do Botafogo na época, chegou a comentar sobre o assunto. No entanto, sem repudiar os atos racistas, ele disse que se tratava de um ‘caso isolado’. Atualmente, o torcedor pode notar onde chegaram esses ‘casos isolados’. Os torcedores do Mengão pediam punição parecida com a do Grêmio, que foi eliminado da Copa do Brasil 2015 após insultos racistas proferidos ao goleiro Aranha. Para o botafoguense, foram casos distintos.
“O Botafogo não concorda no sentido que haja qualquer paralelo no que ocorreu com o Grêmio. O CBJD indica caso a infração seja praticada simultaneamente por considerável número de pessoas, o que não ocorreu. Foi um ato isolado. Essa pessoa já está identificada e estamos bloqueando o acesso dela ao check-in. Não há preocupação”, afirmou, sem prever que outros ‘atos isolados’ voltariam a perseguir um dos melhores jogadores do mundo.
Caso não foi ‘isolado’ nem na torcida do Botafogo
Nem mesmo na própria torcida botafoguense foi um caso isolado. Isso porque em 2017, Vinícius Júnior já havia sofrido com a torcida rival. Novamente no Engenhão, um botafoguense se dirigiu aos tios e demais parentes de Vinícius Júnior apontando para o braço e gritando: “Tudo macaco”. André Luis Moreira dos Santos foi levado para o Jecrim e identificado pelos familiares do jogador.
Ódio dos alvinegros teve ascensão após comemoração de Vinícius Júnior
O tradicional ‘chororô’ foi a forma como diversso algozes do Botafogo comemoraram. Isso porque Souza ‘Caveirão’ comemorou seu gol desta forma. Assim, outros jogadores marcaram e reproduziram a comemoração. Do elenco atual, até mesmo Gabigol já fez. Por isso, ao marcar seu primeiro gol no clássico na vitória por 3 a 1, Vini não deixou de fazer a comemoração. Segundo ele, o mesmo acontecia nas categorias de base.
“Faz parte da alegria do jogo. Faço isso desde a base e fiz agora para concretizar a vitória. Ninguém vai tirar isso de mim. Não fiz para provocar, mas para comemorar. Foi o meu primeiro gol em um clássico. (…) Foi no momento do jogo. O que acontece ali dentro fica ali dentro mesmo. Fiz para a torcida do Flamengo comemorar. Um gol muito importante para mim, o primeiro em clássico”, disse o jogador na época, como se devesse qualquer tipo de explicação sobre uma comemoração feita por tantos outros jogadores.
No entanto, o comentarista Paulo César Vasconcellos criticou Vinícius Júnior por conta da comemoração. Isso porque a provocação ‘não acrescenta em nada’, apesar de fazer parte do futebol, ao contrário de ataques racistas. O jornalista cobrou Carpegiani por uma conversa com Vinícius em um comentário no mínimo estranho.
“Não precisava, também. Comemoração desnecessária, uma provocação que não acrescenta nada. Ganha-se no campo, o Vinicius é um jogador em formação, não precisa tripudiar em cima do adversário. Você tripudia jogando futebol, e isso o Flamengo fez de maneira exemplar hoje. Espero que alguém depois, o Paulo César Carpegiani, vivido no futebol, oriente o Vinicius. A provocação foi absolutamente desnecessária. Desnecessário o que ele fez”, disse.
Jornalista pediu punição para o rival do Flamengo
Quando o caso de racismo aconteceu, já se pedia punição. Assim, muitos entendiam que o Botafogo devia ser punido, assim como aconteceu com o Grêmio. Léo Gerchmann, por exemplo, escreveu:
“Tanto Grêmio em 2015 quanto o Botafogo em 2017 fizeram o mesmo. O Grêmio identificou no mesmíssimo dia daquele lamentável jogo contra o Santos. (…) Não interessa se foi um ou quatro. Os casos do Grêmio e do Botafogo são idênticos. O Botafogo não será punido?”
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